frases de revolucionário , coloque a sua !!!

O tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais."
Napoleão Bonaparte

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A agenda de Dilma

Imagen tomada de http://somoslanoticia.com/
“Prefiro um milhão de vozes críticas ao silêncio das ditaduras” Dilma Roussef
Escolher o momento para uma visita presidencial pode ser um trabalho sumamente ingrato neste mundo tão imprevisível e mutável. Quando a data da viagem de um chefe de estado é anotada em sua agenda, anunciada e combinada com os anfitriões, geralmente a vida se encarrega de rodeá-la de imprevistos. Os palácios de governo não conseguem controlar o azar nem tampouco prever esses acontecimentos surpreendentes que rarefazem o cenário da chegada de um dignatário.  Bem o sabe Dilma Roussef. Sua presença em Havana foi preparada durante semanas e foi precedida, inclusive, pela do chanceler Antonio de Aguiar Patriota. Tudo parecia firme e bem firme: um cronograma rápido, eficiente, protocolar, focado em temas econômicos e que terminaria com a subida no avião com destino ao Haití. Porém algo se complicou.
Muitos dias antes que a economista e política brasileira aterrizasse no Aeroporto José Martí, morreu um jovem cubano depois de uma greve de fome prolongada. Os meios oficiais apressaram-se a apresentá-lo como um delinqüente comum, mesmo tendo sido detido numa marcha opositora nas ruas de Contramaestre. O discurso do poder radicalizou-se e a temperatura política alcançou esses graus tão bem manejados pelos nossos governantes. Nesse contexto a recém concluída Conferência do PCC converteu-se mais num ato de afirmação do que de mudança, numa declaração de unidade ao invés de abertura. Muitos dos que aguardavam pelo anúncio de transformações políticas profundas perceberam que o evento foi mesmo a última oportunidade perdida pela geração no poder. Um dia depois do seu encerramento, Raúl Castro – o secretário geral do único partido permitido – recebeu Dilma Roussef, a outrora guerrilheira, que hoje dirige um país com diversas forças políticas e uma imprensa muito crítica.
A agenda cubana de Dilma inclui visitar as obras de construção do porto de Mariel e a possível concessão de um novo crédito bancário. O Brasil é nosso segundo sócio comercial na América Latina, porém não se trata somente de uma questão de recursos. Nestes momentos o raulismo urge ser legitimado por outros presidentes da região. Desse modo que por estes dias haverá sorrisos, apertos de mão, juras de “amizade eterna” e fotos, muitas fotos. Os ativistas cívicos – por seu lado – tentarão um encontro com a mulher que foi torturada e encarcerada durante um governo militar, mesmo que existam poucas possibilidades de serem recebidos. Dilma Roussef conversará com Raúl Castro, estará muito perto dele nesta conjuntura delicada em que o azar a colocou. Esperamos que não desperdice a ocasião e seja conseqüente com a fala democrática, ao invés de optar pelo silêncio cúmplice ante uma ditadura.
Nota: Até a próxima sexta-feira, 3 de fevereiro, não saberei se finalmente as autoridades cubanas me permitirão viajar para a apresentação do documentário “Conexão Cuba-Honduras” em Jequié, Bahia. Agradeço de antemão a todos os que têm feito algo para que eu consiga chegar ao Brasil. Meu agradecimento especial ao senador Eduardo Suplicy, ao realizador Dado Galvão, @xeniantunes e demais cidadãos brasileiros.
Anistia Internacional quer apoio do Brasil a cubana

Organização solicitou ao governo brasileiro que defenda os direitos da blogueira cubana Yoani Sánchez e de todos os dissidentes, jornalistas e ativistas de direitos humanos de Cuba; comunicado foi publicado por ocasião da viagem da presidente Dilma Rousseff ao país, no dia 31 de janeiro

A Anistia Internacional divulgou comunicado nesta sexta-feira para cobrar que o governo brasileiro defenda os direitos da blogueira cubana Yoani Sánchez, que pleiteia uma viagem ao Brasil para comparecer à exibição de documentário de que ela participa, contando sua história. "A Anistia Internacional solicitou ao governo brasileiro que intervenha junto as autoridades cubanas para que seja dada permissão a Yoani Sánchez de sair e entrar do país livremente", disse a organização em comunicado, que segue na íntegra abaixo:
Anistia Internacional - A notícia de que o Brasil emitiu o visto para Yoani Sánchez, a blogueira cubana e ativista de direitos humanos, para visitar o país em virtude de um festival de cinema é um passo significante no reconhecimento da sua liberdade de locomoção. As autoridades cubanas devem agora conceder-lhe permissão para viajar ao Brasil para comparecer à exibição do documentário do documentarista brasileiro Dado Galvão, em Jequié, Bahia, em 10 de Fevereiro. O filme apresenta a história de Yoani Sánchez e outros blogueiros.
A Anistia Internacional solicitou ao governo brasileiro que intervenha junto as autoridades cubanas para que seja dada permissão a Yoani Sánchez de sair e entrar do país livremente. Em carta datada de 20 de janeiro de 2012, endereçada ao Ministro da Relações Exteriores do Brasil, Sr. Antonio Patriota, a organização urge o governo brasileiro a tomar providências neste caso como também a discutir as violações de direitos humanos em Cuba (ver carta através do linkhttp://www.amnesty.org/en/library/info/AMR19/001/2012/pt).
A presidenta Dilma Rousseff visitará Cuba em 31 de Janeiro de 2012. Anistia Internacional insta-a a discutir com as autoridades cubanas o caso Yoani Sánchez, bem como a situação da liberdade de expressão, associação, reunião e locomoção que é de grande preocupação para a comunidade de direitos humanos. O caso de Yoani Sánchez e sua visita ao Brasil confere às autoridades brasileiras a oportunidade de engajamento com governo cubano entorno dessas questões.
As autoridades cubanas continuam a restringir severamente a liberdade de expressão, associação, reunião de dissidentes políticos, jornalistas e ativistas de direitos humanos. Dissidentes, jornalistas e ativistas de direitos humanos estão sujeitos a prisão domiciliar arbitrária e outras restrições que têm o objetivo de impedi-los de exercer atividades legítimas e pacíficas. Além disso, o governo cubano está negando a autorização de saída como uma medida punitiva contra os críticos e dissidentes do governo.
A Anistia Internacional espera que a presidenta Rousseff usará sua próxima visita a Cuba para reforçar a crescente influência global do Brasil na promoção e proteção dos direitos humanos.